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  • Foto do escritorAndré Sampaio

No meio da Suiça a comer fondue e a a falarmos sobre a Chronoswiss

Atualizado: 3 de jul. de 2018

Espanto foi o meu aquando da abertura da minha caixa de correio na primeira quinzena deste mês.


Via, naquele momento, um nome que não conhecia com um título que me veio deixar entusiasmado por dias, “Christina - Invitation to visit House of Chronoswiss”.

Seria esta a minha primeira viagem como jornalista ao país natal da relojoaria mecânica?

A resposta foi um “Sim!” emotivo.


Depois de uma semana a arranjar pormenores relativamente à viagem e estadia tinha chegado a hora de embarcar numa viagem que viria a ser uma das melhores experiencias da minha vida.



Viajar para a Suíça, mais especificamente para Luzern, é como viajarmos no tempo assumindo e experienciando a vida de gerações de relojoeiros que por ali passaram.

Luzern foi certamente a cidade que mais gosto me deu visitar, uma cidade calma, típica e relaxada.


Vi-me de imediato rodeado de altas montanhas ainda envolvidas em neve que no sopé davam início a um lago de água cristalina.  

Que belo começo para estes dois dias pensei eu de imediato.



Depois de chegar uma hora atrasado à cidade devido a um voo que não partira a horas foi tempo de largar apressadamente a bagagem de mão no hotel e dirigir-me para os escritórios da Chronoswiss, onde Oliver Ebstein, amigo e CEO da marca, me esperava para darmos início à experiência da marca.



A continuação do dia foi preenchida com uma explicação da história da marca e como passou de uma manufatura Alemã para se situar em Luzern e passar a usar o título de “Swiss Made”.


Contudo quando pensava que o dia já tinha acabado de me prestar surpresas dou por mim a jantar num típico restaurante onde a brisa do lago corria livre e onde os patos circulavam sem qualquer preocupação. Tive de pedir o Fondue, quase que parecia mal estar a pedir algo diferente naquele momento onde me encontrava em tal ambiente tradicionalmente Suíço.



Levado pela comida tipicamente Suíça e enfeitiçado pelo ambiente começamos, eu e Oliver a falar dos nossos gostos na relojoaria, uma espécie de partilha de preferências e histórias.



Chegando ao tópico da decoração do relógio a nível estético tive de nomear duas técnicas, que na minha opinião, dão vida ao relógio, além do mecanismo claro, técnicas estas o guilloché e a anglage. (Ver artigo sobre estas técnicas)

De seguida, Oliver e Christina com um suave sorriso na cara dizem algo que ao principio não estava bem a acreditar.

“Diogo, amanhã vais estar toda a manhã com o nosso mestre relojoeiro a fazer guilloché e enamel (esmalte) nos teus futuros botões de punho.”

Neste preciso momento já andava eu na lua por assim dizer, como é que poderia estar a ter aquela experiência tão única? Algo surreal.


Posso adiantar que comi o fondue com muito mais afinco depois desta maravilhosa notícia.


Quais seriam as probabilidade de a seguir ao jantar ainda ter a chance de ir beber um expresso e comer a sobremesa junto ao rio, embora noutro local, com o CEO? Mas isto estaria mesmo a acontecer? Bem, foi exatamente isso que aconteceu, acabei a minha noite em Lucerna a comer uma excelente sobremesa e um bom expresso ao mesmo tempo que partilhava com o Oliver alguns problemas que surgem aquando da gestão de uma marca e respectivos empregados.



A Chronoswiss passou, nestes dois dias, a ser uma empresa familiar e de valores intrínsecos fortes e honestos na minha opinião, sem sequer falar nos extrínsecos.

A paixão e dedicação que emanam do Oliver na forma como relata a experiência dele com a marca desde que a família Ebstein a comprou só me comprova-va cada vez mais que durante anos tive uma percepção algo errada da marca.


Não será este um problema comum na indústria relojoeira contemporânea? A existência de percepções erradas sobre diversas marcas?

Arrisco quando afirmo que a conexão pessoal e humana é cada vez mais algo essencial na ligação entre pessoas e marcas, tal como o é entre relógios e pessoas.


Mas deixo este tópico para futuros artigos.


(Máquina com centenas de anos para decoração de mostradores com a técnica guilloché)


Voltando a Lucerna, mais especificamente ao meu segundo dia que começou com o brotar do dia, com o sol a cumprimentar-nos suavemente por detrás dos Alpes.

Para meu próprio espanto acabei por encontrar a Christina a tomar o pequeno-almoço, e para os que já me conhecem, quando existem tópicos sobre relojoaria eu sou como uma locomotiva que produz a sua própria energia, por vezes falo demais.

Dito isto, o pequeno-almoço tinha-se tornado num diálogo sobre marketing na relojoaria mas que brevemente acabou pois tinha um passeio matinal pela cidade para criar algum conteúdo.


Não me arrependi desta escolha pois estava um dia belíssimo, calmo e paradisíaco.

Às nove horas era já hora de voltar ao hotel e dirigir-me para a porta da House of Chronoswiss, onde me esperava o mestre relojoeiro, que seria o meu professor por um dia.


Mike era o seu nome, uma pessoa descontraída, entusiasmada, sempre de sorriso na cara que nos transmitiam confiança e ainda mais entusiasmo.

Na verdade acho que estou cada vez mais enfeitiçado pelo ambiente e paixão que é demonstrada pelos mais diversos relojoeiros que conheço. Ver o Mike a trabalhar e a explicar-me as técnicas sem qualquer preconceito mostrou-me como é que a relojoaria deveria ser na verdade, mostrou-me como é a relojoaria na sua forma mais pura.

Foram duas horas de sonho, duas horas em que aprendi não só as técnicas como a dar mais valor ao relógio e à relojoaria.

Assumo no entanto que a parte mais complicada, ou pelo menos mais arriscada, é o enamel.



Começamos por misturar o pó de vidro com água, de seguida agitamos para a água trazer ao de cima qualquer poeira ou sujidade. Depois de várias trocas de água é hora de tirar a água por completo e começar a pintar a superfície já com guilloché.

São necessárias 7 camadas de pó de vidro, cada camada tem de ser secada com um papel pois se entrar no forno com água o enamel sai literalmente disparado, arruinando todo o trabalho prévio.


A cada camada que secava, devido a maiores quantidades de pó de vidro, quando tirava as peças do forno estas saiam com uma cor preta assustadora, pois a cor preta significa que o enamel estava estragado, mas para a minha própria felicidade a cor acabava por clarear para o verde escuro por mim escolhido!



Tinha acabado.

Tinha acabado, os por mim ansiosamente esperados, botões de punho!

Não me levem a mal, mas fiquei ainda mais animado quando vi que também ia ter direito a uma caixa própria Chronoswiss em madeira polida! Parecia uma criancinha que pela primeira vez recebe aquela prenda por ela desejada durante anos.

Este último acontecimento ditava o final da minha experiência em Lucerna, voltei para casa animado e com a essencial necessidade de ter de partilhar esta história com todos vocês!


Se pudesse tinha-vos levado a todos, no entanto, levei-vos no meu pensamento.

 

Foi com satisfação  que tive o prazer de produzir esta notícia que não é mais do que um prolongamento de mim e da emoção que tenho em partilhar convosco estas minhas aventuras.

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1 Comment


Jose Manuel Zenha
Jose Manuel Zenha
Jul 26, 2018

Parabéns pela 'reportagem' e obrigado pela partilha! O ano passado tive o privilégio de visitar a JlC e esta crónica conseguiu fazer-me reviver a emoção e o fascínio que senti na altura!

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